sábado, 27 de novembro de 2010

Fatalidades em redes de pesca chega na revista ISTO É

O texto abaixo foi publicado na revista ISTO É, pelo Paulo Lima, fundador da editora TRIP.

Por intermédio do Virgílio Matos, que fez o contato e enviou material ao colunista e surfista Paulo Lima, a luta pelo maRSeguro conseguiu atingir a mídia nacional, parabéns ao Vírgilio pela eterna luta e iniciativa.

Assim como agradeci o Paulo Lima via email, gostaria de deixar aqui, mais uma vez, um agradecimento em nome de toda a comunidade do surf, canoense, gaúcha e brasileira, pois, precisamos que pessoas e mídias influentes, nos apóiem nessa causa, para que que nossos governantes, e os responsáveis por essas barbáries, sensibilizem-se, sem quem um ente querido deles tenha que morrer.
Continuaremos trabalhando forte, conseguimos dar mais um GRANDE passo a frente. Quando os culpados menos esperarem, estaremos batendo em suas portas, com o apoio de uma nação!

Segue abaixo a matéria publicada na revista.

"Morte horrível
Em pleno século XXI, quando a palavra rede ganha força e está por trás de verdadeiras revoluções de inteligência e de novas ideias, no litoral gaúcho ela significa 49 mortos e sofrimento sem medida

Ele se debate numa luta desesperada, os olhos, o sangue, o coração, todo o sistema se acelera descontrolado, movido por níveis quase insuportáveis de adrenalina bombando enlouquecidamente. A sensação de ter os movimentos tolhidos por uma rede enquanto o oxigênio começa a faltar. O raciocínio nervoso vai dando lugar a alucinações e pensamentos desencontrados... aos poucos o sistema todo é comunicado de que não há mais o que fazer além de se entregar e se deixar levar pelo emaranhado de cordas e nós que vence a força, a destreza e a inteligência. Só resta deixar ir e enfrentar o que vier depois.

Imaginar o que passam peixes e outros bichos mortos por redes de pesca já fez muita gente tomada pela compaixão e pelo respeito ao direito à vida abraçar o movimento vegano e nunca mais se alimentar, usar ou se vestir com algo que tenha sido resultado da morte de um animal.

Que tipo de sentimento viria à sua cabeça se no lugar do peixe estivesse um garoto de 18 anos cheio de vida e de planos e que pouco antes havia entrado no mar para fazer o esporte que amava, entrar em sintonia com a natureza e harmonizar seu próprio espírito?

E se esse garoto fosse seu filho?
A família de Thiago Rufatto lida com esse sentimento todos os dias, a cada segundo, desde que ele se viu desesperado, impotente, agarrado por uma rede de pesca que lhe tomou a vida, na praia de Capão da Canoa, litoral do Rio Grande do Sul.

E, para o bem e para o mal,essa família não está sozinha. De um lado, porque conta com a solidariedade de centenas de garotos e garotas que adoravam Thiago e que abraçam e beijam seus pais e familiares, tornando a vida mais suportável. De outro, menos nobre, porque Thiago é o número 49 de uma aterradora lista de garotos mortos por redes no litoral gaúcho desde 78.

Você leu certo. Desde o ano de 1978, 49 vidas foram tomadas pelos artefatos de pesca. Mortes horríveis, bruscas e brutas, sofridas, dramáticas, desesperadoras. Exatamente como as que vitimam pessoas no trânsito, que levam os que encontram as famosas balas perdidas, as almas assassinadas pelas polícias e pelo crime... nem mais nem menos importantes.

A questão é complexa. Envolve uma atividade ancestral como a pesca, supostamente meio de sobrevivência de diversas famílias da região,
técnicas rudimentares de amarração e sinalização de redes, leis imperfeitas e fiscalização ausente, impunidade, descaso...

Mas há uma certeza: num país que anda se arvorando a condição de quase desenvolvido, de estrela central no palco do novo teatro mundial, nada nem nenhuma atividade econômica pode justificar a morte de quase meia centena de jovens afogados por armadilhas colocadas no mar de um dos seus mais desenvolvidos Estados. Assunto para os novos ministros das pastas de Segurança e Justiça ou secretaria especial da Pesca, assunto para prefeitos e governadores sérios, assunto para autoridades do Corpo de Bombeiros, material para membros do Ministério Público, pauta para jornalistas atentos, para gente que sabe o que é de verdade o surfe, para quem respeita a pesca.

Mas, acima de tudo, um assunto para quem respeita a vida."


A coluna de Paulo Lima, fundador da editora Trip, é publicada quinzenalmente
http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/36_PAULO+LIMA

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Um comentário:

  1. Força do Surfe Gaúcho! NÃO AO 50º!

    Apoio total.

    www.oceanopensante.blogspot.com

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